sexta-feira, 15 de setembro de 2017

A insustentável leveza do ser


Termino essa leitura e logo percebo que estou, eu mesma, no desfiladeiro, momento de intensa, constante e angustiante escolha entre o peso e  a leveza. De um lado, almejando uma casinha simples na costa da lagoa, onde possa acordar todos os dias e dar um passeio com o meu companheiro labrador, dar bom dia a quem encontrar, e sair a trabalhar para simplesmente garantir o almoço. De outro, o coração acelerado por missões, mudar a vida de pessoas, trazer esperança, levar uma mensagem, fazer com que a fé que me transformou tenha eco em outros cantos e corações. Todos os dias sou obrigada a escolher quem sou, vejo que não é coisa de destino. Tenho no peito um coração pulsante e forte, que não me permite acomodar. Não o consigo calar. Tento, em vão, calar o mundo em mim. Mas o dia bate à minha porta, questionando se vivo de fato aquilo que desejo, se estou plena de mim, e, portanto, realizada. Todos os dias faço uma escolha ao abrir os olhos, com a cabeça ainda no travesseiro. Todos os dias convivo com tudo aquilo que vem junto com essa escolha. Por vezes, me preencho, por vezes, eu mesma crio esse vazio infinito em mim. Pra hoje, peso ou leveza?

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