terça-feira, 3 de novembro de 2015

Diverso

Tudo se esfarela
Farelo não é
Todas suas facetas
milhares de caretas
pernetas, venetas

Tudo se derrama
Não é na cama
É no chão
Chão que se torna ninho
Para os pés e o coração vacilantes

Se derruba, se machuca
Se grita, se maltrata
Se aperta e apreende
Não entende

Dois são um
Um é mais
Dois e um
Um e mais
Um dois três
Ais, ais, ais

Viram-se, reviram-se
Se atêm e se possuem
Não flore
Não floresce
No encharque
No encharcado desse chão

Pisa, escorrega, se molha
Escorre também o sangue
O que era poesia vira concreto
Piso, azulejo
Num vermelho transparente
Misturado, se deita

Se deita, respira
Inspira, transpira
Revira tudo na cabeça
Revira a fama, a face
Revira a história

Dúvida
Resta tudo
Resta ela
A corroer-lhe os sentidos
A transcender-lhe os pensamentos

Atônitos, atos
Nós, passos
Nós, estátua
Mercê de uma coragem já morta

Jogo, se joga
Se nota, se refaz
Dó, Sol, Mi, mais

Preenche
Relincha, pechincha
Adormece no querer
E amanhã nunca é
Diverso
Dos versos

Tão meus, tão sós