quinta-feira, 27 de abril de 2017

Diário GforC - 5ª Semana

Diário GforC - Grupo de Formação em Circo/CircoCan
Florianópolis/SC

5ª Semana
03 a 07 de abril

Bom, pra essa semana iniciamos um novo plano de trabalho, ainda na fase de preparação física. Basicamente, segunda é um treino para gerar as energias da semana, terça e quinta são iguais, assim como quarta e sexta. O dia 03, contradizendo os agouros de segundas-feiras, foi bem produtivo. Conseguimos trabalhar bem e até começamos a produzir alguns números na aula de criação, orientados pelo Pedro. Ele definiu quem seriam os diretores e estes escolheram quem gostariam de dirigir. O Wildner escolheu eu e Shely, e iniciamos a criação de um número de portagem, com movimentações de solo, e lira, em meio a um contexto de ventania, aprendendo a lidar com esta. Quando acabaram as aulas, fui pra casa jantar e fazer minhas coisinhas, e tive uma insônia desgraçada, não conseguia dormir de jeito nenhum. Foi quando algo me veio à mente e começou a crescer, como já havia acontecido outras vezes, mas dessa vez gerou ação. Foi sobre um perdão que eu gostaria de ter pedido há muito tempo, pra pessoas que sempre me vinham à mente quando pensava em algo que deixei mal resolvido. Não acho que convenha dizer as pessoas de fato, pois são coisas bem pessoais. Fato é que mandei uma mensagem com as palavras mais sinceras, de coração aberto, pedindo perdão. Pra mim, aquilo foi milagroso. Acredito de fato no poder do perdão, por inúmeras experiências. O perdão quebra barreiras, liberta e libera a vida, pra vivermos plenamente. Se você nunca tentou, vale a pena. Deixe o orgulho, a razão e o momento perfeito de lado, crie o momento e peça perdão, mesmo não achando ser o errado da história... verás o milagre acontecer. Se permita ser livre de si mesmo e de suas limitações! Ah, hoje também foi aniversário de um dos meus melhores amigos da vida toda, mas eu liguei pra ele só no outro dia, pra fingir que não me importo tanto.

Na terça eu liguei pra ele. Batatinha, meu irmão de pais diferentes! Pensa numa relação leve, honesta e produtiva? Eu amo a companhia e a vida desse meu irmão, e é lindo vê-lo viver! Ele é feliz com sua companheira de nerdices, gordices, reparos da casa, risadas escancaradas, ironias e responsabilidades, a Manu, que é uma super querida e batalhadora, e os dois são pais de dois dogs, uma dada e um desconfiado, das línguas azuis e aparência de ursos do Alaska, a Maggie e o Cunka. Essa é uma família que eu amo de fato! Bom, como tive insônia no dia anterior, acordei bem tarde, só almocei e fui pro treino! Os treinos de terça e quinta agora são daquele jeito! São três grupos e três rotações entre preparo físico para equilíbrio, aéreos e acrobacias de solo, 50min em cada, e saímos moídos fisicamente. Mas tem que ter uma energia guardada pra estar presente na próxima aula, que é de criação! Nas aulas de criação, não sei se já comentei, mas já estamos trabalhando coisas específicas para o espetáculo, então já entramos naquela vibe de repetição, correções, etc. Ainda fiquei pra aula de flexibilidade, depois passei no Jurerê Rural pra lavar minhas roupas e raspar meu cabelo, daí casa, e merecido descanso.

Na quarta acordei cedo pra rodar Jurerê com o Edio e o Bruno, entregando currículos. Foi bem legal poder ajudá-los. Gosto de estar disponível. Almocei e deitei um pouquinho após o almoço, antes de ir pra aula. Hoje o treino físico foi totalmente sem adaptações, e eu gostei muito, me senti muito bem, consegui completar as séries e chegar ao final com um pouco de energia pras próximas aulas, que foram acrobacias coletivas e apoio pedagógico, com continuação do trabalho com argila. Hoje toda luz do bairro acabou, e estava um chuvisqueirinho discreto, então ficou uma imagem de cidade fantasma muito legal! Esperei o ônibus com a Pri, entre conversas pra eternidade, e depois fui pra casa jantar e descansar.

Na quinta cedo busquei, toda faceira, minha floreira de pallets que comprei pela internet, e depois fui conhecer a JOCUM Floripa (casa da foto abaixo). Fui muito bem recebida durante o café-da-manhã, típico jocumeiro, quem conhece, sabe: pão francês com margarina e café. Dá uma saudade imensa!! Depois teve um tempo de compartilhar da galera, que estava voltando de atividades de "férias", além de uma contextualização de momentos políticos e missionários de vários países, através das recentes experiências do Fabiano, líder da base. Coisas que só a JOCUM sabe fazer, conhecer a situação do mundo todo e orar. Então nos colocamos em oração, e oramos por tudo aquilo que conversamos anteriormente. Como precisei ir fazer meu almoço, eles carinhosamente oraram por mim, e então fui pra casa. Foi um prazer enorme estar em comunhão com eles, e pretendo voltar outras vezes pra compartilhar esses momentos. Intercessão é um hábito diário em JOCUM que preciso introduzir no meu dia-a-dia, é lindo ver Deus nos chamando a participar de tantas histórias diferentes a partir da oração. Me sinto privilegiada quando oro. Bom, ao chegar em casa, almocei e fui para o treino, que não foi tão bom quanto eu gostaria, pois eu estava muito cansada. No final deles, ensaiamos um pouquinho nosso número pra aula de criação, e depois fui pra casa descansar.

Na sexta, dia 07 de abril, eu passei a manhã limpando a minha casinha, almocei e fui para o treino. Eu, Shely e Wildner apresentamos nosso número da aula de criação para todos, e é impressionante como tenho lidado melhor com esse lance da exposição. É lindo ver como cada um usou o tempo super limitado pra criar coisas incríveis. De todos os números, dois foram escolhidos pra serem mostrados no próximo Showcase, um deles foi o Duo Trapézio com Gabriel e Helen, dirigido pela Vic, e o outro foi o Forró no Tecido, com a Dani, dirigido pela forrozeira Amandinha. No intervalo, sentei lá fora, na grama, e apreciei minha tapioca, com uns goles de café e a brisa, gentilmente trazendo paz e conforto. Que lugar agradável é o Jusc! No pedagógico fomos convidados a expressar com carvão e papel algo que estava vivo em algum lugar ao redor do Jusc, e foi delicioso! Ainda fiquei para a aula de portagem e explorei umas coisas super legais com a Ana, sob orientação do Suga. Em casa, jantei, me servi um bom vinho, e fiquei montando quebra-cabeça, até decidir ser hora de dormir.






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quarta-feira, 19 de abril de 2017

Diário GforC - 4ª Semana/2

Diário GforC - Grupo de Formação em Circo/CircoCan
Florianópolis/SC

4ª Semana
01 e 02 de abril

Bom, esse final de semana foi super gostoso. No sábado, dia 01, fomos passear na Barra da Lagoa, eu, Pri e Amanda. Só o caminho, do carro, já é maravilhoso! Fomos participar do 1º Batismo da Fhop. Teve muito bate-papo e um tempo super agradável com as meninas de lá, que se tornaram nossas amigas, todas peregrinas em Floripa. Tem gente de Minas, SP, Rio e até do Acre. Fizemos um pequeno louvor e, mesmo com a chuva e o vento que trazia um arrepio na pele, erguemos nossos coração aos céus. Acompanhamos o batismo, observamos as brincadeiras, comemos salada de frutas e fortalecemos vínculos. Tava rolando até os preparativos de um casamento na praia. Espero que não tenha chovido. Depois conhecemos outro mirante da Lagoa, e não dá pra dizer qual é mais lindo. Nesse tinha até telescópio. Rumo à casa da Júlia, colega de GforC, onde combinamos uma noite de sushi free, paramos em uma Mercearia com produtos naturais e uma decoração de super bom gosto, pra tomarmos um café. A companhia dessas duas muito me agrada! Na casa da Julinha fomos muito bem recebidos por sua mãe, super alto astral e ótima sushiwoman, e pela casa super acolhedora, onde permanecemos conversando, nos empanturrando de sushi, e brincando de karaokê. Todos estavam muito a vontade. Deixei alguns de meus amigos ressacados da noite anterior em casa, e fui dormir. 

No domingo acordei cedo pra ir conhecer a Igreja no Cinema - INC, igrejanocinema.com/-, comunidade cristã que tem seus cultos domingo de manhã, no cinema do Continent Park Shopping, na Grande Florianópolis. Após 40km cheguei no cinema e já havia uma fila de espera, ao lado de uma placa escrita IGREJA SIMPLES. Que coisa cabulosa, no bom sentido! Apesar de estar só, me senti em casa! O louvor foi super animado e eu pude adorar com todo o meu corpo, ainda mais com a luz baixa da sala de cinema. Os vídeos que passavam como plano de fundo das letras das músicas eram de tirar o fôlego! Que atmosfera eles criavam, te transportavam pra outro universo! A pregação, bíblica, profunda, porém simples e aplicável no nosso dia-a-dia. Pronto, fui conquistada! Algumas meninas ainda pegaram meu número pra me chamar pros pequenos grupos, que acontecem nas casas da galera. Após o culto, almocei um croasonho - faz tempo que queria conhecer essa franquia, que faz croissants de diversos sabores, http://www.croasonho.com.br/ - de brigadeiro de panela. Santa gostosura! Que manjar! Também fez parte do meu almoço um balde de pipoca que comi assistindo O Vigilante do Amanhã, com a Scarlett Johansson. Pode-se ver que a pessoa não está nada saudável por esse menu de domingo.

Enfim, meu dia foi super gostoso. Aproveitei que tinha loja de brinquedos e comprei um quebra-cabeça, um dos meus hobbies favoritos. Não preciso nem dizer que essa aquisição tem me custado muitas noites adentro, sem conseguir parar de montar. Voltei pra casa e, antes de subir, fui ficar um pouco na praia. Com os pés na areia, relaxei e fiquei a contemplar a imensidão do mar, o vento, as ondas, algumas crianças que brincavam por ali... coisa linda de se ver e sentir! Respiro fundo nesses momentos, com a intenção de eternizá-los dentro de mim. Aproveitei e liguei pra minha primoca Camilla, pra lhe desejar feliz aniversário. Ela estava fazendo bolo e escutando pagode. Ficamos alguns bons minutos ao telefone, compartilhando a gratidão por termos uma à outra, e por termos nos aproximado tanto nesses últimos tempos. Desliguei com o coração cheio. Em casa repeti meus hábitos noturnos, e descansei.

Por hoje é só :)







terça-feira, 11 de abril de 2017

Diário GforC - 4ª semana

Diário GforC - Grupo de Formação em Circo/Circocan
Florianópolis/SC

4ª Semana

28 a 31 de março

Bom, primeiramente me desculpem pela demora em continuar os relatos. Tive duas semanas muito intensas, e vocês vão entender o sentido dessa intensidade no decorrer da leitura. Tendo sido devidamente perdoada, prossigo com os escritos. Bom, na terça, dia 28, eu tomei denovo o relaxante, pois ainda sentia dor, e como vocês já sabem, ele me dá muito sono, então dormi a manhã inteira. Fui para o treino pensando que não iria render, mas foi bem pelo contrário. O treino rendeu bastante, teve aula de jogos teatrais explorando elementos musicais, super legal, e até acabei ficando pra aula de flexibilidade. Como faz tempo que não escrevo - e tentarei não cometer o mesmo erro outra vez - não me lembro de nada com detalhes, mas acredito que deva ter chegado em casa, comido e dormido.

Na quarta, assim como em outras manhãs, me levantei e, enquanto tomava meu café, fiz minha leitura diária, desta vez do livro de Philip Yancey, Alma Sobrevivente. Me faltam descrições de como esse livro tem sido libertador pra minha mente. São relatos sobre pessoas simples, porém tremendamente influentes em seus meios e épocas, que transformaram o mundo, os pensamentos de Yancey, e agora os meus. Pessoas como Martin Luther King e Mahatma Ghandi, sua forma de pensar e viver, e seus atos já conhecidos, na intimidade destes. Vale a galinha toda!

- Fazer a diferença é mais simples que o complexo sistema de passos e regras que criamos em nossa mente, é questão de ser, de se identificar, de ter empatia, de levar o que faz sentido pra você a todos os passos que você dá. -

Continuando, queria contar pra vocês que agora, além do treino físico matador de quartas e sextas, estamos acrescentando, na marra, antes ou depois do primeiro, um treino cardio de corrida algumas vezes mais insano. Consiste em correr, basicamente. Na areia, com piques, em duplas com elásticos, de lado, de costas, até achar que você vai morrer, e aí correr um pouco mais. Da última vez, fizemos isso durante 27 minutos sem parar. Rolou até umas gorfadinhas. Tá pensando que é mole? Circo não é moleza não! Saio desses treinos bufando de nervoso, me perguntando porque diabos estou fazendo isso, tentando me convencer de que não tenho a pretensão de ser um monstro, quando na verdade, tenho. São tantos sentimentos, e o engraçado é que eu nem sabia que eles existiriam um dia. O legal é que sobrevivemos sempre! E daí vem o peito cheio de orgulho: PORRA, nós somos fodas! rsrs

Nessa mesma quarta tivemos, no apoio pedagógico, um trabalho com argila, em que criávamos uma esfera de um tamanho confortável às nossas mãos, éramos convidados a manusear a esfera dos colegas e depois nos moldarmos em forma humana e em pé, a partir da massa da nossa esfera. Tenho que confessar, ainda não sei bem o porquê, que não gostei desse trabalho. Não me agradou, tenho tido uma resistência enorme a ele. Talvez pelo manuseio da argila sugar muita energia, talvez pelo fato de que moldar a nós mesmos e ter consciência do que isso pode nos mostrar, é demasiado confrontante, ou pela soma dos possíveis motivos. Mesmo sem saber o porque do desagrado, estive presente e participativa até o final, quando fomos convidados a desmanchar a forma humana e voltar à esfera, guardando numa sacola e levando pra casa, com os cuidados de mantê-la hidratada. Além disso, ficamos com a tarefa de descrever a atividade e os sentimentos que nos provocaram, e mandar o feedback por email aos professores. Também ouvimos a leitura de um texto fofo sobre medos bobos do desconhecido. Fui pra casa comer e tomar banho, e voltei pro Jusc pra fazer a aula de parada de mão. A gente deve ter ficado uns 20 minutos de cabeça pra baixo, somando as milhares de vezes e formas que subimos e descemos da parada. Essa aula é porreta! Tão porreta de bonita, que tinha um colega que, ao ouvir o professor Suga me chamando pelo nome - uma das raríssimas vezes em que ele acerta o nosso nome rs -, não conteve o sorriso aberto e os olhos brilhantes, ao me contar que é o mesmo nome da filhinha dele. Um ou dois aninhos ela tem, e foi um prazer ouvir falar dela com tanto encanto!

Não lembro muito bem da quinta-feira, sei que teve aula de criação com o Pedro, ao final da tarde, e que formamos dois grupos e criamos um número em alguns minutos, sendo apresentado ali mesmo na aula. Eu gosto dessas experiências de criação instantâneas, porque desbloqueiam nosso cérebro do medo de criar, e trazem a criação como hábito e prática diária, facilitando um processo mais complexo no futuro. Acho que tivemos Coreo Dança Flex com a Nick também. Essa aula é um show de criatividade, ela mistura dança e coreografia, no sentido de contagem, leveza, ritmo, etc, com exercícios de flexibilidade ativa. Então, além de estar com o corpo presente - e digo todo o corpo, olhos, mãos, pés, lado esquerdo do corpo rs - você deve estar com a mente presente, o que torna a aula desafiadora e super divertida ao mesmo tempo. Pena que acaba bem rápido, por ser um tanto complexa. À noite eu assisti "O Doador de Memórias" e fiquei cheia de vontade de viver tudo ao mesmo tempo.

Já sexta foi um dia de cão! Eu sonhei que estava tendo um tempo leve e descontraído com a minha mãe e meu irmão no chão da sala. Foi precioso! Acordei com uma saudade avassaladora, chorei de soluçar, e não conseguia parar. Quanto mais tentava, mais chorava, mais lembrava, mais me via despedaçada. Nunca tinha tido um sentimento tão ruim na vida, achei que ia enlouquecer. Me questionei o sentido de tudo isso que estou vivendo, e percebi que meu sonho não tem tanta força assim, que enfrente tudo por um objetivo, que me mantenha com a cabeça erguida e os olhos focados. Estranho, não?! Essa onda perturbadora durou até o outro sábado, mais de uma semana. Mesmo assim, na sexta, almocei, tomei banho, e dei carona pra Bela. Fui de óculos escuros, pra tentar disfarçar meu estado emocional. Como se fosse possível, logo eu, que choro por exatamente tudo. Compartilhei com a Bela o meu estado emocional, ela falou um pouco de sua experiência e foi um anjo pra mim no restante do dia. Segurou na minha mão quando eu não tinha força pra mais nada. Assim ela me carregou no exercício insano de corrida durante 27 minutos, no treino físico, e até no final da tarde, quando fomos, rodeados de amigos, tomar um cappuccino e comer uma fatia de cuca no Café da Mary. Ainda antes disso, tivemos uma conversa com Nick e Pedro sobre como estávamos fisicamente, e fizemos uma série de exercícios regenerativos. Foi como respirar fundo com cada músculo e tendão, dando um alívio profundo ao corpo.

Sobre o Café, não me lembro se já comentei sobre a Mary aqui, mas antes de começar o GforC eu precisei levar as minhas roupas na lavanderia, e a mais próxima era a Lavanderia da Mary, ao lado do Café de mesmo nome e mesma dona, lá no Jurerê Tradicional. A Mary me atendeu com muito carinho, ela, seu marido, e sua mãe, que faz as deliciosas cucas gaúchas que, de vez em quando, eu vou saborear. O lugar é um chamego e tudo é muito delícia, se tornou um dos meus lugares favoritos desde o primeiro contato. Nessa sexta em especial, nos deparamos com um grupo de velhinhos ocupando quase todas as mesas, jogando baralho e dominó. Tem maior chamego que esse? Terminei de me derramar. Com o coração um pouco mais aliviado, fui pra casa terminar de assistir "Gilmore Girls" e dormir.

Bom, como vocês podem observar, a dificuldade em escrever não foi nem em relação à ocupação do meu tempo, mas à intensidade emocional que vivi esses dias. Não encontrei espaço em minha mente para produzir. Durante esse pequeno período aqui em Floripa, vivendo essa rotina de treino, criação, convívio, etc, intensos, tenho me descoberto uma pessoa à flor da pele, mil emoções caminhando e tentando carregar-se aos cacos. Uma criança que, quando elogiada, sente o coração inflar-se para fora do peito e alça voo. E quando chamada atenção, ou falada com tom mais ríspido, enche os olhos d'água, murcha o corpo até a invisibilidade, amassa bem amassadinha a autoestima e a guarda no bolso, não sabe o que fazer. Dramática e profunda. Tenho me conhecido sensível demais, sentindo tudo com os poros bem abertos, o bem e o mal. Se devo aprender a lidar melhor com isso, talvez. Por enquanto, estou me conhecendo e me aceitando, tal como sou. As forças, sei bem de onde estão vindo, e sou toda gratidão.

Por hoje é só, pessoal! Bom compartilhar com vocês :)<3 p="">







segunda-feira, 3 de abril de 2017

Diário GforC - 3ª semana/2

Diário GforC - Grupo de Formação em Circo/CircoCan
Florianópolis/SC

3ª Semana

24 a 27 de março

Resolvi dividir a terceira semana em duas partes por dois motivos: acredito que, com o meu entusiasmo e maneira de escrever, os textos estavam ficando grandes demais, então achei melhor espalhar conteúdo, já que não sei e não acho interessante escrever de maneira mais sucinta; segundo porque, especialmente essa semana, tivemos uma pausa nos treinos habituais para vivenciarmos algumas experiências com o grupo circense Circo Mínimo, de SP (http://www.circominimo.com.br/). Bom, o Grupo Circo Mínimo, foi contemplado em um projeto relacionado a escolas profissionalizantes de circo, através de um edital de cultura, que não sei dizer bem qual é. O projeto visa visitar as escolas circenses profissionalizantes do Brasil, gerando discussões a respeito da formação circense, proporcionando oficinas, e apresentando o espetáculo SobreVoltas, dirigido por Rodrigo Matheus, criado e concebido pelos artistas Rodrigo Matheus, Giulia Tateishi, Jan Leca, Renato Mescoki e Rubens de Oliveira.

Dessa forma, na sexta-feira, dia 24 de março, não tivemos nossos treinos habituais, mas fomos contemplados com a oficina de criação e direção, ministrada pelo Rodrigo. Ele se apresentou e nos convidou a jogar alguns jogos, daqueles em que treinamos nossa atenção e todos os outros requisitos necessários em cena. Todos os dias, a oficina dele começava com um jogo diferente, em que ativávamos corpo e mente, antes de mergulharmos em um processo complexo e prazeroso de criação. Cada participante foi desafiado a apresentar um número pessoal para o diretor e os colegas de curso, e então se submetia a avaliações e críticas dos mesmos, para que o seu processo pudesse fluir, e aprimorar-se. Nos apresentamos, inicialmente, sem intenção, e depois repetíamos o número imersos na ideia de um tema, escolhido por nós mesmos. O tema tinha a ver com algo que queríamos dizer para o mundo, e expressar através da nossa arte. Entre apresentações e avaliações, assistíamos alguns vídeos propostos pelo diretor, para buscarmos referências em nossos números, e aguçarmos nosso fazer crítico e criativo. Foi extremamente enriquecedor e lindo ver cada colega se apresentando, crescendo, sendo aberto às críticas e opiniões, e aprender com o mestre generoso (que apareceu de sunga no ginásio, no último dia de oficina) que esteve entre nós. Ah, eu e a Ana Scaramella começamos a criar um número cômico de acrobacias de solo, e foi super prazeroso dar vida à essa ideia, mesmo nos seus primeiros passos de vida. Pretendemos continuar trabalhando encima da nossa criação, então quem sabe ainda vou escrever sobre ela por aqui. Ao final da oficina, como ainda tínhamos energia física pra gastar, ficamos para o Open Gyn, e para a aula de acrobacias de solo. Eu e Ana ficamos treinando juntas, entre uma galera que estava animada com acrobacias nesse dia.

A oficina de criação continuou no sábado o dia todo, e sábado a noite fomos agraciados pela apresentação do espetáculo Sobrevoltas (http://sobrevoltas.esy.es/). O espetáculo, já de cara, desconstrói a ideia de uma apresentação circense tradicional, oferecendo elementos e expressões artísticas provenientes de várias artes irmãs: a música, o teatro, a dança, etc. A peça flui como um todo, sem precisar de pausas ou costuras, não há uma quebra no tempo para a montagem de uma figura ou qualquer coisa assim. Há uma imitação da vida, como ela é, fluída, livre, natural, em meio a qual surpreende, porém não mais que qualquer outro elemento, a qualidade técnica do número. De elementos claramente circenses, são apresentados os malabares - claves -, acrobacias de solo e corda lisa. Ainda assim, o que mais me surpreendeu, além do envolvimento e técnicas musicais maravilhosamente apresentados, foi a cena cômica criada em volta da Giulia, retratando uma imagem parte sensual, parte de horror, em que seus cabelos estão esvoaçantes, seus olhos bem abertos, e ela ri escancaradamente, com os braços abertos em uma sensação de poder. Aplaudidos de pé por um bom tempo, mostraram, com humildade, que o fazer circense vai muito além do que estamos acostumados a ver, e todo tipo de pensamento, incluindo o artístico, precisa sair fora da caixinha.

Bom, no sábado, eu, Vic, Bruno, Vini, Helen e Mayla, saímos para conhecer a noite de Canasvieiras. A primeira parada foi a galeria gastronômica abaixo do Hotel Canasvieiras Internacional, na esquina da minha casa. Dividi um combinado de sushis com a Mayla, enquanto o restante do pessoal preferiu pizzas, lanches e yakisobas, apresentados num preço acessível. Depois fomos caminhar um pouco nas ruas movimentadas, entrando e saindo das inúmeras lojinhas sem comprar nada, gastando apenas em um porão de jogos, num cineminha 6D, em que a imagem nem era real, mas eu me assustei várias vezes. Enquanto procurávamos uma sorveteria, o Vini percebeu que estávamos sendo seguidos por uma pessoa com as mãos escondidas em um moletom. Apressamos o passo, mas foi o suficiente pra todos ficarem em estado de alerta, e alguns até de pânico. Tomamos o nosso sorvete, esperando a situação se acalmar um pouco, e resolvemos passar por outra rua pra voltar ao carro. Como a nova rua terminava na praia, imaginamos que seria ainda mais perigoso, então voltamos e encontramos nossos "amigos" Homem de Ferro e um outro personagem, em sua van, tirando as fantasias após uma noite de trabalho, tirando fotos e brincando com os turistas. Pedimos informações, e após alguns minutos de conversa, e de perceber que eles eram gente do bem, e nós também, eles se ofereceram pra nos levar até o carro. Nisso, teve gente que saiu da conversa até quase empregado. rsrs Pra ver como o universo conspira, Deus cuida, tudo coopera para o bem, essas coisas. Eu fico com o cuidado do Paizão. Após gordices, diversão, tensão e dois novos amigos, voltamos às nossas casas para um merecido, porém curto, descanso.

Curto porque no domingo cedo já estávamos no ginásio para o início das oficinas de experimentação e pesquisa em corda lisa e movimentação acrobática, dessa vez com o Jan, Giulia e Renato. Iniciamos já com um alongamento não usual, mandando a preguiça embora. Em movimentação acrobática, aprendemos a usar o espaço de forma inusitada, experimentando novas passagens, desconstruindo as já conhecidas. Nada de cambalhotas, estrelas e parada-de-mão, esquece! Exercício bom pra cabeça esse! Em pesquisa em corda lisa, fomos desafiados a olhar pra forma como nosso corpo fica pendurado, onde estão a força, as tensões no corpo, os apoios da corda, e quais as possibilidades de movimentação dentro de cada apoio. Subimos e descemos várias vezes, experimentando a relação do corpo com a corda, como se não nos conhecêssemos. Almocei em casa, e voltei um pouco atrasada. A tarde foi o último dia da oficina de criação, e foi o dia em que eu e Ana apresentamos. Foram momentos únicos, e não conseguíamos parar de falar sobre isso. No domingo a noite, fiz jantinha, ouvi umas pregações online do Pr. Lipão, da Onda Dura (http://ondadura.com.br/), e descansei bem.

Segunda-feira, dia 27/março, Dia Nacional do Circo, e como estamos? Mortos de cansados, a ponto de não ter energia pra desejar um super dia ou escrever um textão sobre tudo o que essa arte milenar representa pra gente. Mesmo assim, foi especial. Amanheci o dia pensando que finalmente ia perder o medo do Trapézio Voador, e esse Dia do Circo iria então, se tornar inesquecível. No entanto, nada como planejei, como você pode acompanhar nesse relato. Comecei com a oficina de experimentação na corda lisa, e a Giulia pediu pra que trouxéssemos nossos aparelhos e fizéssemos alguma sequência que sabíamos. Belinha me ajudou a pendurar a minha lira (que saudade que eu estava!), e fizemos uma atividade curiosa e libertadora de estar desenvolvendo nossa sequência, entre palmas da Giulia, quando tínhamos que ficar estátua onde quer que estivéssemos, nos ensinando a ver a beleza do processo, desconstruindo a ideia de que só a figura é válida. Tudo tem beleza, tudo é válido, e você deve estar totalmente presente em tudo. No início, no processo, nos entres e nos fins. Tudo é importante. Essa atividade abriu horizontes na minha mente criativa, sou muito grata. Infelizmente, ao final dela, senti meu nervinho das costas fisgar, e fiquei daquele jeito que já conheço, sem poder olhar pro lado, de dor. Terminei a manhã apenas observando meus amigos construírem uma sequência sólida e fluída com as movimentações acrobáticas aprendidas na oficina. Abracei meus mestres, desejando feliz dia do circo, com o pescoço imóvel. A partir daí, me restou apenas ir pra casa almoçar e tomar meu super relaxante muscular poderosíssimo, que meu ortopedista receitou, caso esse nervinho fizesse o que fez. O resultado foi sono sem fim, dormi como se não houvesse amanhã, e não fiz mais nada além de dormir.

That's all, folks ;)