segunda-feira, 30 de setembro de 2019

.ficou para o café


Quantas vezes eu achei que tinha encontrado o amor. E o tinha! O amor me beijou suavemente, o amor fez canções sobre mim, elogiou minha roupa, me ensinou a limpar o nariz, escreveu poesias sobre como via Deus em meus passos. Deitou na grama ao meu lado, olhando nos meus olhos, me arrebatou. O amor me inspirou e foi inspirado por minha paixão pela chuva. O amor não quis invadir uma história que não era sua, o amor me ensinou sobre rotina, e como os domingos sem planos poderiam ser os dias mais prazerosos da vida. Me ensinou a organizar as contas, e a cuidar do jardim. O amor me mostrou que de tudo eu sou capaz, posso ser o que quiser. O amor moveu o mundo e virou a cidade pra encontrar um sonho pra mim, de creme de baunilha. O amor dividia milk-shakes, enquanto ficava com a perna adormecida com todo o meu peso encima dela. O amor combinou um look peruano para arrasarmos no casamento de nossos amigos, e também quis que eu pulasse de paraquedas. O amor quis ouvir o que eu penso sobre a vida, e dividiu uma garrafa de vinho sob a luz das estrelas. O amor foi gentil, quis se apresentar para os meus pais, e até pediu a minha mão em casamento. O amor dividiu horas em ônibus, carros e aeronaves, em nossas viagens e descobertas. O amor me surpreendeu várias vezes, colocando faixas em meus olhos antes das surpresas para que eu entendesse o quanto era amada.  O amor me incluiu em seus planos, em sua família, em seu tempo, e em sua fé. O amor quis ser para sempre, outras vezes quis ser breve. O amor por tantas vezes aqui passou, deixando o cheiro suave de confusão e de esperança. Nunca se deixou pela metade, tampouco ficou mais do que podia. O amor já veio através de um olhar, e, no piscar do mesmo, se foi como brisa. O amor ficou para o café, ficou para o almoço, ficou correndo em minhas veias. Pois o amor nunca veio de fora, ele se mostrou essência minha através de outros corações. Ele despertou em mim o melhor e o pior que eu poderia ser. Mas despertou, deu força, deu vigor! Ele trouxe a mim sentido e forma, além de um otimismo bobo, que move meus olhos para cima, sem medo do que virá. O amor veio, ficou, se foi, voltou e continua aqui, a encher e esvaziar meus pulmões, permitindo-me a vida. A amanhecer em mim esse desejo de paz, de aconchego e de ação. O amor me ensina quem sou, todos os dias quando acordo. Me move a ser melhor em cada passo que dou, e tira o meu chão para que eu me lembre que não preciso ser só. O amor me fez inteira e parte de um todo no qual tenho papel fundamental. O amor faz transbordar em mim toda a vontade de que o resto do mundo se encontre, e o encontre também. O amor vem em pele e osso, vai em sorrisos e gentileza, vem em abraços, vai em expressão e poesia... O amor passa por mim, está em nós e tudo move. O amor ficou para o café, divide o tempo e olha dentro dos meus olhos.