sábado, 20 de maio de 2017

Diário GforC - 8ª Semana/2

Diário GforC - Grupo de Formação em Circo/CircoCan
Florianópolis/SC

8ª Semana
28 abril - 02 de maio

Na sexta de madrugada, passando por Passo Fundo, a temperatura indicava 4ºC, e todas as graminhas lá fora estavam debaixo de gelo, enquanto fumacinhas geladas subiam dos lagos. Chegando em Panambi, o vovô Geraldo veio me buscar, depois de buscar o Fábio, meu primo que estuda agronomia em Maringá. Abracei os dois, daquele jeito meio sem jeito. Faço questão de apertar quando percebo a hesitação característica desses gaúchos em abraçar. Chegamos, enfim, à casa da vovó, sempre com aquele cheiro maravilhoso, incomparável, e aquele aconchego quentinho, enquanto tudo lá fora estava frio. Dei um longo abraço nela, conversamos no hall de entrada, tomando chimarrão, e logo era hora do almoço. Após o almoço, me arrumei pra ir na consulta médica da vovó, em Cruz Alta. O tio Daniel nos levou. Chegamos antes das 15hs e o médico da vovó só atendeu ela depois das 18hs. Nesse tempo, conversamos bastante, e ficamos entediados de tanto esperar. Felizmente, o consultório era sensacional na decoração, tinha várias revistas e até vídeos a secretária passou pra assistirmos. Quando tive fome, procurei a cafeteria do hospital e comprovei aquilo que já imaginava, que as cafeterias de hospitais são incríveis!! Comi um pão de espinafre com requeijão, delicioso, acompanhado de um cappuccino. Depois do atendimento, fomos pra casa, jantamos e fomos dormir cedo.

Amo a casa da vovó, e quando estou lá, meu ritmo se adequa ao ritmo dela. Dessa vez, foi bem lento, já que a vó estava se recuperando de uma internação. A acompanhei todos os dias no hall de entrada da casa, a tomar chimarrão, chás, e fazer crochê, ou tricô, não sei bem o nome daquele afazer que ela tanto gosta. Desacelerar foi a ordem, e eu segui com muito gosto! No sábado, depois da rotina da manhã, e de brincar com minhas primas pequenas, a Marli serviu pastéizinhos de queijo, que não existem em nenhum outro lugar, iguais aos que comemos ali na casa da vovó. São deliciosos! Marli é a moça que cuida da vó todos os dias, faz comida, se preocupa e a escuta, o que é mais importante. Ela faz parte da família, e é uma amigona. Junto aos pastéis, foram servidas batatas fritas sem óleo, vindas de dentro daquela máquina airfryer, olha que modernidade! Almoçamos com bastante gente à mesa, já que os primos e tios que moram perto se juntaram a nós. Descansei um pouco, e a tarde fomos pescar no açude da Santa Isabel, a fazenda onde fica o carrossel e as vaquinhas de leite. As pequenas logo cansaram e foram fazer fogueiras e barracas com gravetos, enquanto nós, maiores, não nos cansávamos de colocar minhocas e puxar lambaris, carás e até uns peixes maiores que não me lembro os nomes. Em meio à pescaria, pude conversar um pouco com meus primos Fábio e Malu, sobre questões familiares, futuro, profissão, anseios, etc. Creio que tenha sido a primeira vez que pudemos conversar sobre isso. Quando cansamos, recolhemos as tralhas, comemos salgadinhos, e ajudei as pequenas com os gravetos. O campo de fenos enrolados no plástico se tornaram diversão, enquanto pulávamos por cima deles ao pôr-do-Sol, gravando boomerangs. Em casa, a tia Nica, que havia nos acompanhado na pescaria, fritou os peixinhos e comemos como aperitivo, já que tínhamos marcado de sair a noite. Fomos a um restaurante chamado Farfalle, onde tive a oportunidade de provar massas incríveis e diferentes das que conheço, por um preço muito acessível. Foi uma noite agradável entre primos e tios, e, mesmo que eu tenha ficado no cantinho da mesa, meu olhar descansava naquele momento de satisfação. Família! Nessa noite, fui pra casa da tia Nica brincar com as meninas até tarde, e dormi por lá, dividindo a cama com a Dominique.

Domingo é dia de churrasco, e o vovô se levantou cedo pra colocar a carne na churrasqueira. Quando cheguei na casa da vovó, já estavam todos preparando os detalhes pra receber todo mundo à mesa. A vovó até passou um pouquinho mal quando viu que estaríamos todos reunidos, mas ela descansou e ficou bem logo. Oramos, todos à mesa, em gratidão a Jesus pela família e pela refeição. Vem carninha, vai carninha, e lá estamos nós, comendo o melhor churrasco do mundo. Sentei na mesa com as crianças, como sempre, e assim enchemos todos os lugares, passando bandejas de maionese da vó, salada verde, farofa, arroz, garrafas de coca, suco de morango e chá de maçã, pra lá e pra cá, e sendo muito bem servidos com costela e carneirinho, pelo vovô Geraldo. Daí vieram as bandejas de sobremesa, com pudim, manjar de morango, sagu e picolés. Depois do almoço fui com a tia Déia e a Malu na AVOCAP, uma instituição que abriga crianças afastadas de seus lares. Passamos uma parte da tarde brincando com as crianças, correndo, ensinando circo, sendo lambidas, dando mamá, carregando no colo, oferecendo lanche e pirulitos. Foi um tempo renovador, precioso e me trouxe à memória aquilo que me dá esperança. Saí de lá abençoada, e espero ter abençoado pelo menos um pouquinho, aqueles anjinhos de carne e osso. Depois de lá, fomos pra fazenda conhecer o pequeno paraíso do tio Jorge e da tia Déia, uma cabana de madeira na beira da lagoa, com pinhos altos ao redor, coisa mais linda! Me senti em uma daqueles perfis do face ou insta, sobre acampamentos e cabanas. Ficamos um tempinho lá, vi minhas priminhas loucas pilotando o quadriciclo, e depois voltei para jantar aveia junto com a vovó. Ainda fui à igreja com a tia Nica, depois comemos pizza, conversamos muito e oramos juntas.

Na segunda, feriado do dia do trabalhador, o Fábio voltou pra casa, e eu passei o dia todo com a vó Iloni, na velocidade dela, curtindo sua companhia, e trocando algumas palavras de vez em quando. A família da tia Nica veio almoçar conosco, descansamos após o almoço, e no final da tarde fomos ao velório de uma conhecida da vó e do vô. Desde que a vó esteve internada, esse foi o primeiro dia que ela saiu de casa. Acredito que tenha sido bom pra ela, pois ela conversou bastante, respirou ares diferentes. A noite, a vó fez sopa de ovo pra mim, uma especialidade dela, que, por sinal, é maravilhosa. Comi tudo, pois ela não me permitiu deixar nada no prato. Me senti muito amada, e ela também, acredito. Depois que ela foi dormir, fui pra casa da tia Nica comer pinhão.

Na terça-feira, acordei a tempo de compartilhar o café na mesa com a vó e o vô. Tomei banho e, junto com a vó - dirigindo, inclusive -, fomos à Cotripal, fazer compras - aliás, como ela diz, fazer o rancho - para a casa, e algumas coisinhas que eu queria levar de lá. A vó fez a festa, e encheu dois carrinhos de "coisinhas que faltavam em casa". Acho graça, pelo menos ela saiu e isso fez muito bem à ela. Quando chegamos, ajudei a descarregar as compras, enquanto a Marli as guardava. Tomei chá com a vó, e, enquanto ela fazia tricô - ou crochê, como havia dito -, eu fazia suas palavras cruzadas. A tia Déia, Domi, Dani e Malu, vieram se despedir enquanto tomávamos mate. Almoçamos, eu sai pra catar umas pocãs e laranjas pra trazer pra casa, arrumei minhas malas, tomei um banho e fui me sentar ao Sol, acompanhando meu avô. Logo a tia Nica e a vó chegaram também, lanchamos, oramos juntos, e o vovô me levou no posto, onde o ônibus iria parar pra me pegar. Enquanto esperava o ônibus, o vô Geraldo contou suas histórias, o trajeto de seus pais, a Guerra, o encontro com a vovó, as conquistas de trabalho, imigração, etc, etc. Amo ouvir suas histórias, mas por bem ou por mal, quase nunca as recordo, e sempre fico feliz em ouvi-las novamente. O ônibus chegou um pouco atrasado, me despedi do vovô com um abraço forte e parti para o regresso. Dormi e acordei umas 34 vezes até chegar em Floripa.







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