Diário GforC - Grupo de Formação em Circo/CircoCan
Florianópolis/SC
6ª Semana
14-16 de abril
Florianópolis/SC
6ª Semana
14-16 de abril
Na série "Coisas que eu fiz pela primeira vez", inclui nesse dia viajar compartilhando carona com pessoas desconhecidas. Dessa forma, dei carona para três meninas, com quem combinei, através de grupos de carona no facebook, de ir junto pra Curitiba. Acordei cedo, tomei café e sai no horário combinado. Primeiro peguei a Camila, aqui em Canas mesmo. Camila se tornou minha amiga, pois fomos conversando o caminho todo até Curitiba. Camila é uma garota fascinante que trabalha com patentes - o que já é incrível - e é uma apaixonada por viagens e gastronomia. Por isso tivemos tanta ideia pra trocar! A segunda caroneira foi a Oriana, estudante de jornalismo super meiga que, coincidentemente, fez parte das filmagens do espetáculo do último GforC. Por fim, pegamos a Johanna, alemã super talentosa, apaixonada pela cultura brasileira, que faz mestrado em música aqui em Floripa. A viagem foi super agradável na companhia dessas meninas. Após muita conversa, música boa, paradinha para o café e deixar todo mundo em seus destinos, me rumei pra casa do meu hamigo Batatinha da Silva Sauro, batizado de Paulo Eduardo, e da minha amiga Manuela, que o aguenta desde meados de 1976. Já falei deles em algum post anterior. Fui lindamente recebida pela desconfiança e latidos ameaçadores de Maggie e Kunca, depois pelo próprio pai da casa, com um abraço de tamanduá! A Manu logo chegou, cheia de ferramentas e vontade de montar coisas e furar paredes. Atualizamos os papos, furamos parede e montamos o painel da tevê, enquanto o Paulo fazia salmão grelhado na churrasqueira, com risoto de limão. Coisa mais chique! E estava uma delícia também! Meu amigo arrasa na cozinha, mas Manu disse que só quando é gourmet, porque no arroz e feijão ele deixa a desejar. Eu cochilei um pouquinho no sofá depois do almoço, enquanto o casal limpava a casa e atualizava suas séries nerd. À noite, eles me levaram pra um rodízio japonês. Eu nunca comi tanta comida japonesa diferente na minha vida! Pra quem só conhecia sushi e temaki, foi uma noite de ampliar conhecimentos culturais. Ainda passeamos de carro pela cidade, conhecendo alguns pontos, como a linda Santa Felicidade.
No sábado cedo, fomos comprar as coisas pro café-da-manhã numa padaria, tomamos café juntos e ficamos enrolando um pouco em casa até decidir ir passear no Jardim Botânico. Gente, pode parecer um passeio clichê, e eu achei que só teria aquela estufa com a estrutura branca pra ver. Mas o lugar é muito mais do que isso, é espetacular. O jardim com milhares de flores, a estufa, o passeio botânico sensorial, com plantinhas cheirosas, coloridas, com multi texturas, a exposição de orquídeas, cactos e suculentas, os pássaros mergulhadores, os cágados, os peixes... Uma experiência excelente! De lá, fomos comer um sandubão de costela sensacional e um cone de sorvete sacana de gostoso, em um food park que vimos do carro. Passamos no Walmart (suspiros), com seus preços lindos de baixos e tanta coisa bonita e gostosa, pra comprar as coisas pra fazer churrasco à noite. Em casa, fizemos churrasco e chamamos a Kalinca, o André e o Samuel, filhote deles, pra comer conosco. Pra quem não conhece, a Kah foi minha discipuladora na ETED (Escola de Treinamento, Evangelismo e Discipulado), curso básico de missões da JOCUM (Jovens com uma Missão, ligada à Universidade das Nações), lá em Chapada dos Guimarães, no ano de 2008 (http://www.jocumpantanal.com.br/). Eles nem sabiam ainda que iam casar naquela época. André também foi meu discipulador na parte prática da ETED. - Discipulador é aquela pessoa que cuida, orienta, ora, conversa, disciplina... auxilia na caminhada da pessoa com Deus. - ETED foi a melhor coisa que podia ter acontecido na minha vida, no momento perfeito. Foi quando conheci mais a Deus, me conheci demais, mudei demais, fiz grandes amigos, paguei muitos micos, chorei tanto, sai correndo no escuro de desespero, tive milhares de crises, quis ir embora umas 30 vezes, comemorei meu aniversário de 18 anos com um look punk, meditei no meio da mata, aprendi a dar bom dia, fui ajudante de pedreiro, cozinheiro, carpinteiro, dançarina, atriz, violeira e até pregadora, e tive a oportunidade de fazer Deus conhecido pra algumas pessoas. Claro que não pára por aí... mas esse tempo merece um texto só pra ele, e não vai caber aqui. Os dois hoje são grandes amigos, referências, e uma família em quem posso confiar, a minha família! Amo demais a vida deles, e sinto, simples e claro, que é recíproco. Comemos, assistimos um desenho de lagartas com o Samuel, rindo mais do que ele, e jogamos Perfil até cansarmos. Quando cansamos, arrumei minhas coisas, dei tchau e abraços demorados nos meus grandes amigos Batatinha e Manu, em gratidão pela vida deles, e parti pra base da JOCUM CCL em Curitiba (http://cclbrasil.com.br/), onde Kah, André e Samuel, moram e servem atualmente. Chegamos a noite, então só conheci a casa deles, onde ficamos conversando madrugada adentro, e tanta coisa tínhamos pra conversar, visto que não nos víamos há tanto tempo! Tomei leitinho com nescau, igual o Samuka, e fui dormir na cama dele, que ele me emprestou, no seu quarto cheio de desenhos, livros e carrinhos, com uma janelona com vista maravilhosa para a mata e o restante da estrutura da base.
Acordei naquele friozinho gostoso de uma chácara em Curitiba, abri a janela pra ver o dia lá fora, e este não me decepcionou, estava lindo! Céu fechado, com algumas frestas de Sol, mas em geral nublado. Esse é o dia da ressurreição, dia de Páscoa, de celebrar o Deus que se fez homem, morreu por nós, tomou as chaves do inferno e da morte, hoje vivo está e olha por nós, ao lado do Pai. Domingo, manhã de Páscoa, celebração. O André tinha ido buscar pão, o Samuel estava assistindo desenho, e a Kah fazendo o café forte que o André gosta! A mesa estava tão farta quanto nas vezes que os recebemos em nossa casa, em Rondonópolis. Lá, sempre que recebemos visita, o café é um tremendo banquete! Como eu disse, estava igual nessa manhã: iogurte, frutas, cereal, leite, café, chocolate, pão, mussarela, presunto... comilanças a perder de vista. Tomamos café em família, e depois eu e a Kah fomos passear, conhecer melhor a base. Samuka ficou brincando com suas muitas amiguinhas, filhas de outros obreiros da base, que, por sinal, tem bastante obreiros! A base em si, onde moram as pessoas, e onde ficam a cozinha, refeitório, escritório, salas de aula, lavanderia, etc, tem uma estrutura de dois andares, com um centro enorme e livre, como uma arena. É um espaço agradável aos olhos, bem distribuído, organizado, e decorado com detalhes amorosos. Me senti em casa, mesmo entre tanta gente diferente. Enquanto caminhávamos, não preciso dizer que eu e a Kah tivemos conversas profundas, não é?! Quem conhece a Kalinca, sabe como ela é capaz de nos deixar em crise com poucas palavras, aliás, com um só olhar. Mas com o mesmo olhar, ela transmite tanto amor e cuidado, que é capaz de transformar em paz a nossa angústia iminente. Kah é um anjo, Kah tem treta com Deus, como costumávamos dizer na ETED. Passeamos pela estrutura antiga de um palácio, que teve sua construção interrompida devido à traição da mulher por quem o sheik estava apaixonado e para quem ele estava construindo o palácio. Com seus pilares largos e compridos, que me lembram a cena de Sansão cego derrubando-os ao chão, seus escritos e desenhos pelas paredes, nada de corrimão ou portas, essa estrutura já fora um centro de treinamento de skate e outras artes, e hoje funciona como uma máquina de sonhos.
Entre as palavras trocadas com a Kah, os labradores amáveis da base nos seguindo e sentando na beiradinha do abismo, desafiando o cuidado de Deus, e o encantamento com aquele lugar mágico, o coração foi ficando sensível, e a emoção se expôs em tons translúcidos. Nos sentamos na muralha, de onde podíamos ver a grande mata ao redor da chácara, o cercado onde ficavam os cavalos, toda a estrutura da base, e o mover do Espírito, que dá vida a todas as coisas. A Kah não quis sentar na beiradinha, mas eu deixei meus pés soltos, enquanto compartilhava com ela o grande sonho da minha vida, que voltara a despertar furiosamente dentro de mim. Com brilho nos olhos e do jeitinho de Kalinca, ela apenas repetiu algo que já me havia dito há tempos atrás e que eu precisava lembrar:
"Sonhe sonhos tão altos que, se Deus não estiver neles, eles estejam fadados ao fracasso."
Oramos juntas, oramos os três juntos, e então fomos em direção ao refeitório, para o almoço em família de toda a base. O pessoal da escala havia feito vários tipos de peixes e rotulado de forma bem criativa, com papeizinhos abaixo da bandeja - Farofa de Peppa Intrusa e Arroz Ressurreto são os únicos que me recordo -. Oramos, cantamos louvores de gratidão ao Rei, comemos e bebemos, em comunhão uns com os outros. Kalinca ainda fez um café na casa dela, trocamos ideias sobre livros e autores cristãos, ganhei um livro do André, e então parti, enquanto os homens da base estavam jogando bocha na grama. Parti com o coração partido, pois me deu vontade de ficar. Dessa vez, compartilhei a carona com o Bruno, estudante de engenharia química, super gente fina, seu companheiro palmito, um cãozinho super querido e educado, e a Fran, garota bem despojada, de quem me aproximei muito através das conversas também. A volta foi um tanto quanto cansativa, já que tinha muito trânsito do pessoal voltando do feriado. Deixei os meninos e cheguei em casa morta. Comi e dormi.
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