Diário GforC - Grupo de Formação em Circo/Circocan
Florianópolis/SC
4ª Semana
28 a 31 de março
Bom, primeiramente me desculpem pela demora em continuar os relatos. Tive duas semanas muito intensas, e vocês vão entender o sentido dessa intensidade no decorrer da leitura. Tendo sido devidamente perdoada, prossigo com os escritos. Bom, na terça, dia 28, eu tomei denovo o relaxante, pois ainda sentia dor, e como vocês já sabem, ele me dá muito sono, então dormi a manhã inteira. Fui para o treino pensando que não iria render, mas foi bem pelo contrário. O treino rendeu bastante, teve aula de jogos teatrais explorando elementos musicais, super legal, e até acabei ficando pra aula de flexibilidade. Como faz tempo que não escrevo - e tentarei não cometer o mesmo erro outra vez - não me lembro de nada com detalhes, mas acredito que deva ter chegado em casa, comido e dormido.
Na quarta, assim como em outras manhãs, me levantei e, enquanto tomava meu café, fiz minha leitura diária, desta vez do livro de Philip Yancey, Alma Sobrevivente. Me faltam descrições de como esse livro tem sido libertador pra minha mente. São relatos sobre pessoas simples, porém tremendamente influentes em seus meios e épocas, que transformaram o mundo, os pensamentos de Yancey, e agora os meus. Pessoas como Martin Luther King e Mahatma Ghandi, sua forma de pensar e viver, e seus atos já conhecidos, na intimidade destes. Vale a galinha toda!
Continuando, queria contar pra vocês que agora, além do treino físico matador de quartas e sextas, estamos acrescentando, na marra, antes ou depois do primeiro, um treino cardio de corrida algumas vezes mais insano. Consiste em correr, basicamente. Na areia, com piques, em duplas com elásticos, de lado, de costas, até achar que você vai morrer, e aí correr um pouco mais. Da última vez, fizemos isso durante 27 minutos sem parar. Rolou até umas gorfadinhas. Tá pensando que é mole? Circo não é moleza não! Saio desses treinos bufando de nervoso, me perguntando porque diabos estou fazendo isso, tentando me convencer de que não tenho a pretensão de ser um monstro, quando na verdade, tenho. São tantos sentimentos, e o engraçado é que eu nem sabia que eles existiriam um dia. O legal é que sobrevivemos sempre! E daí vem o peito cheio de orgulho: PORRA, nós somos fodas! rsrs
- Fazer a diferença é mais simples que o complexo sistema de passos e regras que criamos em nossa mente, é questão de ser, de se identificar, de ter empatia, de levar o que faz sentido pra você a todos os passos que você dá. -
Continuando, queria contar pra vocês que agora, além do treino físico matador de quartas e sextas, estamos acrescentando, na marra, antes ou depois do primeiro, um treino cardio de corrida algumas vezes mais insano. Consiste em correr, basicamente. Na areia, com piques, em duplas com elásticos, de lado, de costas, até achar que você vai morrer, e aí correr um pouco mais. Da última vez, fizemos isso durante 27 minutos sem parar. Rolou até umas gorfadinhas. Tá pensando que é mole? Circo não é moleza não! Saio desses treinos bufando de nervoso, me perguntando porque diabos estou fazendo isso, tentando me convencer de que não tenho a pretensão de ser um monstro, quando na verdade, tenho. São tantos sentimentos, e o engraçado é que eu nem sabia que eles existiriam um dia. O legal é que sobrevivemos sempre! E daí vem o peito cheio de orgulho: PORRA, nós somos fodas! rsrs
Nessa mesma quarta tivemos, no apoio pedagógico, um trabalho com argila, em que criávamos uma esfera de um tamanho confortável às nossas mãos, éramos convidados a manusear a esfera dos colegas e depois nos moldarmos em forma humana e em pé, a partir da massa da nossa esfera. Tenho que confessar, ainda não sei bem o porquê, que não gostei desse trabalho. Não me agradou, tenho tido uma resistência enorme a ele. Talvez pelo manuseio da argila sugar muita energia, talvez pelo fato de que moldar a nós mesmos e ter consciência do que isso pode nos mostrar, é demasiado confrontante, ou pela soma dos possíveis motivos. Mesmo sem saber o porque do desagrado, estive presente e participativa até o final, quando fomos convidados a desmanchar a forma humana e voltar à esfera, guardando numa sacola e levando pra casa, com os cuidados de mantê-la hidratada. Além disso, ficamos com a tarefa de descrever a atividade e os sentimentos que nos provocaram, e mandar o feedback por email aos professores. Também ouvimos a leitura de um texto fofo sobre medos bobos do desconhecido. Fui pra casa comer e tomar banho, e voltei pro Jusc pra fazer a aula de parada de mão. A gente deve ter ficado uns 20 minutos de cabeça pra baixo, somando as milhares de vezes e formas que subimos e descemos da parada. Essa aula é porreta! Tão porreta de bonita, que tinha um colega que, ao ouvir o professor Suga me chamando pelo nome - uma das raríssimas vezes em que ele acerta o nosso nome rs -, não conteve o sorriso aberto e os olhos brilhantes, ao me contar que é o mesmo nome da filhinha dele. Um ou dois aninhos ela tem, e foi um prazer ouvir falar dela com tanto encanto!
Não lembro muito bem da quinta-feira, sei que teve aula de criação com o Pedro, ao final da tarde, e que formamos dois grupos e criamos um número em alguns minutos, sendo apresentado ali mesmo na aula. Eu gosto dessas experiências de criação instantâneas, porque desbloqueiam nosso cérebro do medo de criar, e trazem a criação como hábito e prática diária, facilitando um processo mais complexo no futuro. Acho que tivemos Coreo Dança Flex com a Nick também. Essa aula é um show de criatividade, ela mistura dança e coreografia, no sentido de contagem, leveza, ritmo, etc, com exercícios de flexibilidade ativa. Então, além de estar com o corpo presente - e digo todo o corpo, olhos, mãos, pés, lado esquerdo do corpo rs - você deve estar com a mente presente, o que torna a aula desafiadora e super divertida ao mesmo tempo. Pena que acaba bem rápido, por ser um tanto complexa. À noite eu assisti "O Doador de Memórias" e fiquei cheia de vontade de viver tudo ao mesmo tempo.
Já sexta foi um dia de cão! Eu sonhei que estava tendo um tempo leve e descontraído com a minha mãe e meu irmão no chão da sala. Foi precioso! Acordei com uma saudade avassaladora, chorei de soluçar, e não conseguia parar. Quanto mais tentava, mais chorava, mais lembrava, mais me via despedaçada. Nunca tinha tido um sentimento tão ruim na vida, achei que ia enlouquecer. Me questionei o sentido de tudo isso que estou vivendo, e percebi que meu sonho não tem tanta força assim, que enfrente tudo por um objetivo, que me mantenha com a cabeça erguida e os olhos focados. Estranho, não?! Essa onda perturbadora durou até o outro sábado, mais de uma semana. Mesmo assim, na sexta, almocei, tomei banho, e dei carona pra Bela. Fui de óculos escuros, pra tentar disfarçar meu estado emocional. Como se fosse possível, logo eu, que choro por exatamente tudo. Compartilhei com a Bela o meu estado emocional, ela falou um pouco de sua experiência e foi um anjo pra mim no restante do dia. Segurou na minha mão quando eu não tinha força pra mais nada. Assim ela me carregou no exercício insano de corrida durante 27 minutos, no treino físico, e até no final da tarde, quando fomos, rodeados de amigos, tomar um cappuccino e comer uma fatia de cuca no Café da Mary. Ainda antes disso, tivemos uma conversa com Nick e Pedro sobre como estávamos fisicamente, e fizemos uma série de exercícios regenerativos. Foi como respirar fundo com cada músculo e tendão, dando um alívio profundo ao corpo.
Sobre o Café, não me lembro se já comentei sobre a Mary aqui, mas antes de começar o GforC eu precisei levar as minhas roupas na lavanderia, e a mais próxima era a Lavanderia da Mary, ao lado do Café de mesmo nome e mesma dona, lá no Jurerê Tradicional. A Mary me atendeu com muito carinho, ela, seu marido, e sua mãe, que faz as deliciosas cucas gaúchas que, de vez em quando, eu vou saborear. O lugar é um chamego e tudo é muito delícia, se tornou um dos meus lugares favoritos desde o primeiro contato. Nessa sexta em especial, nos deparamos com um grupo de velhinhos ocupando quase todas as mesas, jogando baralho e dominó. Tem maior chamego que esse? Terminei de me derramar. Com o coração um pouco mais aliviado, fui pra casa terminar de assistir "Gilmore Girls" e dormir.
Bom, como vocês podem observar, a dificuldade em escrever não foi nem em relação à ocupação do meu tempo, mas à intensidade emocional que vivi esses dias. Não encontrei espaço em minha mente para produzir. Durante esse pequeno período aqui em Floripa, vivendo essa rotina de treino, criação, convívio, etc, intensos, tenho me descoberto uma pessoa à flor da pele, mil emoções caminhando e tentando carregar-se aos cacos. Uma criança que, quando elogiada, sente o coração inflar-se para fora do peito e alça voo. E quando chamada atenção, ou falada com tom mais ríspido, enche os olhos d'água, murcha o corpo até a invisibilidade, amassa bem amassadinha a autoestima e a guarda no bolso, não sabe o que fazer. Dramática e profunda. Tenho me conhecido sensível demais, sentindo tudo com os poros bem abertos, o bem e o mal. Se devo aprender a lidar melhor com isso, talvez. Por enquanto, estou me conhecendo e me aceitando, tal como sou. As forças, sei bem de onde estão vindo, e sou toda gratidão.
Por hoje é só, pessoal! Bom compartilhar com vocês :)<3 p="">
3>
Sobre o Café, não me lembro se já comentei sobre a Mary aqui, mas antes de começar o GforC eu precisei levar as minhas roupas na lavanderia, e a mais próxima era a Lavanderia da Mary, ao lado do Café de mesmo nome e mesma dona, lá no Jurerê Tradicional. A Mary me atendeu com muito carinho, ela, seu marido, e sua mãe, que faz as deliciosas cucas gaúchas que, de vez em quando, eu vou saborear. O lugar é um chamego e tudo é muito delícia, se tornou um dos meus lugares favoritos desde o primeiro contato. Nessa sexta em especial, nos deparamos com um grupo de velhinhos ocupando quase todas as mesas, jogando baralho e dominó. Tem maior chamego que esse? Terminei de me derramar. Com o coração um pouco mais aliviado, fui pra casa terminar de assistir "Gilmore Girls" e dormir.
Bom, como vocês podem observar, a dificuldade em escrever não foi nem em relação à ocupação do meu tempo, mas à intensidade emocional que vivi esses dias. Não encontrei espaço em minha mente para produzir. Durante esse pequeno período aqui em Floripa, vivendo essa rotina de treino, criação, convívio, etc, intensos, tenho me descoberto uma pessoa à flor da pele, mil emoções caminhando e tentando carregar-se aos cacos. Uma criança que, quando elogiada, sente o coração inflar-se para fora do peito e alça voo. E quando chamada atenção, ou falada com tom mais ríspido, enche os olhos d'água, murcha o corpo até a invisibilidade, amassa bem amassadinha a autoestima e a guarda no bolso, não sabe o que fazer. Dramática e profunda. Tenho me conhecido sensível demais, sentindo tudo com os poros bem abertos, o bem e o mal. Se devo aprender a lidar melhor com isso, talvez. Por enquanto, estou me conhecendo e me aceitando, tal como sou. As forças, sei bem de onde estão vindo, e sou toda gratidão.
Por hoje é só, pessoal! Bom compartilhar com vocês :)<3 p="">
3>
Nenhum comentário:
Postar um comentário