Diário GforC - Grupo de formação em Circo/Circocan
Florianópolis/SC
1ª Semana
02 a 10 de março
Fomos todos ao Rancho MC, em Mandirituba-PR, para uma semana intensiva de integração e treinos. Fomos muito bem recebidos pela família e amigos do Pedro Mello, diretor da companhia. O lugar é lindo, uma chácara com árvores altas, construções lindas e vários animais. Comemos muito bem, teve noite mexicana, noite árabe, os cafés-da-manhã sempre super recheados, e muito chá. Treinamos como loucos pra conhecer nosso corpo e mente. Nos conhecemos um pouco mais, nossos professores e nossos colegas. Fizemos treinos de cardio, força, flexibilidade e acrobacias. No sábado de manhã fizemos uma trilha insana pela mata, com vários obstáculos divertidos. Pulamos muros e rios, nos arrastamos, carregamos os colegas nas costas, metemos a cara na lama, e atravessamos o lago na slackline. Também tivemos show de ilusionismo uma das noites, com um dos artistas do CircoCan, o Diogo Alvares, com direito à hipnose e vários truques angustiantes. Fizemos rodas de conversa, falando sobre nossas expectativas, metas, quem somos, onde queremos chegar. Vimos alguns vídeos motivacionais, e conhecemos mais a história da companhia que está nos recebendo para essa formação. Também brincamos de um jogo hilário de adivinhação de palavras, que nos mostrou o lado descontrolado de todos.
Bom, o GforC - Grupo de formação em Circo -, nasceu da ideia de preparar artistas circenses para mergulharem mais profundo e abrir novos horizontes dentro dessa arte milenar e transformadora. A equipe do Circocan, com sede em Florianópolis e Curitiba, também proporciona aulas regulares de circo para os interessados. O programa de formação tem duração de seis meses (março-agosto/2017) e está dividido em módulos, sendo o primeiro voltado à preparação física. Este culmina em um espetáculo aberto, para a apresentação dos resultados alcançados pelos alunos, nos dias 28 e 29 de agosto deste ano - anote na sua agenda e venha nos prestigiar, além de conhecer a ilha da magia. Se quiser saber mais sobre a escola, acesse o site deles: http://www.circocan.com.br/
Voltando de Curitiba, nos estabelecemos em nossa casinha nova, super gostosa, novinha e bem completa, que é um casa alugada durante a temporada para turistas. Ela se chama Jurerê Rural (http://www.booking.com/hotel/br/condominio-jurere-rural.pt-br.html), e fomos muito bem recebidos pelos proprietários Marcelo e Cláudia. Estou dividindo casa com a Vic e o Bruno, um casal vegetariano e super aberto, com o qual estou me dando muito bem, e quarto com a Helen, uma menina super tranquila e alto astral, que veio da Escócia para a formação. Estamos na parte de cima da casa, enquanto embaixo estão morando o Edio e a Amanda, dois lindos de Poços de Caldas/MG, o Vinícius, nosso menino talento, de Limeira/SP, e a Mayla, professora de aéreos em Valinhos/SP. Os dois primeiros dias na casa foram um pouco estressantes, devido a estarmos voltando de uma rotina super corrida, já para outra tão cheia quanto, na qual tivemos que descarregar, arrumar, fazer compras, etc, nos adaptar, afinal. O estresse foi intenso, mas durou pouco. Logo tive tempo de colocar as ideias no lugar e desfrutar da companhia dessas novas pessoas que já posso chamar de amigos. Além dos já citados, também fazem parte do grupo três meninas que foram participantes do GforC 2016, a Isabela, a Dani e a Júlia; a Ana Scaramela, que se apaixonou pelo circo enquanto levava sua filhota para as aulas de ginástica; o Gabriel, atleta de Porto Alegre; a Gabriela, professora de ioga; a Priscila, super fofa, que veio da ginástica; e o casal de Curitiba, Wildner e Shely.
No dia 08, quarta-feira, já começamos os treinos no Jusc - Jurerê Sports Center -, onde é a sede do CircoCan Floripa. O Jusc é um espaço de esportes maravilhoso no Jurerê Internacional, com quadras, ginásio, piscinas, salas, etc, para futebol americano, natação, tênis, danças, lutas, ginástica, linguagens, circo, entre outros. A primeira vez que entrei no ginásio com a minha mãe, antes do intensivo na chácara, e vi a estrutura, consegui visualizar o que estava acontecendo, não pude conter as lágrimas. O que estou vivendo é um sonho se realizando, é a mão de Deus mostrando seu amor incondicional mais uma vez. Eu me sinto privilegiada, e tenho o coração transbordante de alegria. Difícil encontrar palavras pra descrever isso.
Bom, os treinos no ginásio forma bem diversificados, na quarta tivemos teste de cardio com corrida e saltos, e acrobacia de grupo, com experimentações na segunda altura. Na quinta tivemos o teste físico, no qual os professores visaram conhecer nossos potenciais em exercícios que mostravam nossa capacidade de força, resistência, etc, nas diferentes partes do corpo. Não teve quem se saiu bem ou mal, apenas quem superou a si próprio, dando o melhor de si. Afinal, o circo é isso: aceitação de todas as potencialidades, formas e estruturas. O circo recebe todos de braços abertos. Após o teste super exaustivo, tivemos uma pausa, e uma aula de movimento, dança contemporânea, com o professor Adilson, nosso diretor artístico. Eu me sinto tão aberta à essa experiência, que pude sentir muito prazer em ver meu corpo dançar, e quem me conhece sabe o quanto sou desengonçada pra isso.
Na sexta, começamos com uma preparação física insana, tivemos aula de acrobacias novamente, com novas entradas para a segunda altura. Nessas aulas fico me dividindo entre ser portô e volante, pois gosto do segundo, mas tenho mais jeito e força para o primeiro. De qualquer forma, quero dizer que estou me superando em tudo, me sentindo muito feliz com isso. Subi na segunda altura com o professor Pedro, e ele andou, correu, rodou e até pulou comigo encima. Claaaro que eu gritei horrores, mas me mantive com êxito. A terceira parte do dia ficou por conta da Samanta, que toma conta do projeto pedagógico do curso. Quando ela se apresentou, dizendo o que faria durante o curso, eu já enchi os olhos de lágrimas, pois sabia o quanto isso seria importante e mexeria comigo. Inicialmente, ela nos fez pensar e erguer nosso espírito e pensamentos em gratidão às pessoas que nos apoiaram a chegar onde estamos. E, nesse momento, quero dar uma pausa na escrita prática para agradecer àqueles a quem eu elevei minha gratidão.
À Deus, cujos caminhos são misteriosos, cuja vontade é perfeita, em quem deposito minha total confiança, pois sabe mais do que ninguém a forma de me fazer feliz e plenamente realizada. Quem diria que, após 10 anos de um sonho, estaria eu morando em Floripa, dedicando meu tempo, pensamento, vida, à arte que tanto me encanta e me transforma?! Você é soberano!
Aos meus pais que, mesmo achando uma loucura, não hesitaram em me apoiar, sempre me empurraram pra frente pra viver, confiam nos meus sonhos, gostam de me ver feliz. Eu espero que vocês saibam que eu realmente sou muito grata à vocês. Sério! Vocês são meus heróis, meus exemplos, meus melhores amigos, meu lar, meu porto seguro. Meu maior sonho é vê-los também felizes e realizados! Obrigada! Sem vocês eu não seria nada!
À Anne, que teve um papel crucial no último minuto, me incentivando a gravar o vídeo. Anne, se não fosse você, a sua presença doce e serena, eu não estaria aqui. Obrigada!
Ao Laheto, Tutti e Tiago, Nico, Marcos Botelho, e tantos outros artistas que permitiram que a arte do circo os transformasse e pulsasse através de suas palavras e movimento. Vocês são responsáveis por essa paixão em mim. Obrigada por me ajudarem a me encontrar!
A todos aqueles que caminham e caminharam comigo, por pequenos trechos, ou pelo caminho todo até aqui. Juntos chegamos mais longe! Olha só onde chegamos!
Gratidão é definitivamente a palavra da vez. Me sinto tão aberta, tão fluída, vivendo a vida tão plena e intensamente, e jamais poderia alcançar isso sozinha!
Voltando ao projeto pedagógico, Samanta nos deu a seguinte poesia para ler em voz alta:
Interrogação
A Guido Batelli
Neste tormento inútil, neste empenho
De tornar em silêncio o que em mim canta,
Sobem-me roucos brados à garganta
Num clamor de loucura que contenho.
Ó alma de charneca sacrossanta,
Irmã da alma rútila que eu tenho,
Dize pra onde vou, donde é que venho
Nesta dor que me exalta e me alevanta!
Visões de mundos novos, de infinitos,
Cadências de soluços e de gritos,
Fogueira a esbrasear que me consome!
Dize que mão é esta que me arrasta?
Nódoa de sangue que palpita e alastra...
Dize de que é que eu tenho sede e fome?!
Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"
Ao final, Samanta nos fez pensar a respeito do que temos fome e sede, e expressar isso através de papel e pastel. Conversamos sobre os desenhos, e foi um tempo muito rico e produtivo. Gostei muito desse cuidado, não apenas com a parte técnica e física, mas com a parte artística, pedagógica. Sensacional essa organização, CircoCan está de parabéns. Ao final desse tempo, assisti um pouco ao treino da equipe de Trapézio Voador, e depois eu e a Helen fizemos aula de acrobacias de grupo, mão-a-mão e pé-com-mão. A noite, a Helen fez hambúrgueres veganos e tomamos caipirinhas, porque ninguém é de ferro! rs
Por agora é só. Fico feliz em poder compartilhar! Final de semana que vem escrevo mais, porque durante a semana a rotina é super cansativa. Se alguém quiser saber coisas específicas, só perguntar que escrevo no próximo post. Coisas do tipo comida, convivência, a cidade, qualquer coisa. Abaixo vão algumas fotos. Gratidão!!
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