segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Deixá-lo ir


Eu gostaria de entender o meu coração.
Gostaria de deixá-lo ir, de me permitir, mas sou arrebatada pelo meu desejo.
Meus desejos tão contrários à minha razão.
Tudo isso me assusta, me assusta esse contentamento descontente.
Queria que fosse feliz, queria praticar o tal do desapego.
Meu coração aperta com sua presença tão inusitada.
Aquieta-se e por vezes chora com sua ausência, mas descansa.
É sua presença que o machuca, pois talvez não foste feito pra você. 
Ou por se perceber tão seu.
Por muitas vezes ele se percebe seu, por muitas vezes se trai.
É traiçoeiro, mas em todo o tempo deseja o ver feliz.
Mesmo que não estejas por perto.
Oh coração tão bom, oh desejo tão maluco.
Que o certo disso tudo me leve ao centro do mundo, ao miolo de minha história.
Que um dia tudo isso passe, e que possa descansar no fortinho do seu peito.
Sem pensar no ontem, sem imaginar o amanhã.
Descanso agora, e o deixo ir.
Viva tudo, sinta a fragrância do mundo, e volte se o coração não deixar passar.
Volte pra que outra parte dessa história se inicie, e possamos deixar pra trás tudo o que já se foi.
Já se foi. 

terça-feira, 23 de agosto de 2011

A nudez e suas nuances


Em Mateus 25:36 está escrito: "estava nu, e me vestistes; (...)" Este versículo está no contexto em que Jesus fala sobre como vai julgar os seus no seu retorno. Aqueles que foram cristãos, em todos os sentidos do termo, completaram sua missão, e seguiram o exemplo de Cristo; ou aqueles que optaram por um evangelho do consumo e da satisfação, cômodo e hipócrita, ficando na posição dos fariseus, ao se julgarem corretos e assim, apontarem o dedo para todos os outros diferentes.

Quero voltar à uma passagem bem mais antiga, em Gênesis 2:25, onde diz: "Ora, um e outro, o homem e sua mulher, estavam nus e não se envergonhavam." Nessa passagem, a nudez de Adão e Eva tem um sentido de vida pura, sem culpa, em perfeita harmonia com a vontade de Deus. Mas, como consequência do pecado, a nudez se tornou expressão de vergonha. Assim podemos ver em Gênesis 3:10, que diz assim: "Ele respondeu: Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi." A nudez de Adão, nesse texto, representa a vergonha diante do pecado. A vergonha do pecado diante da presença do Deus Altíssimo. Adão pecou, e porque pecou, se envergonhou diante de Deus. Percebeu que estava nu, não teve coragem de se apresentar puro e com a consciência limpa diante de Deus. Até aqui tudo bem, situação com a qual todos estamos familiarizados.

O que eu quero chamar atenção é para a atitude de Deus diante da nudez do primeiro homem e da primeira mulher. Em Gênesis 3:21 diz: "Fez o Senhor Deus vestimenta de peles para Adão e sua mulher e os vestiu." Não quero simplificar erroneamente a afirmação. Sim, o pecado deles teve consequências, que são lidas um pouco mais acima no mesmo texto. Consequências que foram ditadas por DEUS, e não por homens que se julgam juízes. Mas após falar das consequências, a atitude de Deus é uma atitude de misericórdia, de amor para com seus filhos. Ele os encobre de sua nudez, tira fora sua vergonha e os consola, dando uma nova oportunidade de se apresentarem diante Dele limpos de coração e puros de mãos. Deus os cobre, que isso fique bem claro.

Agora eu pergunto: O que fazemos quando um homem peca? Julgamos, excluímos, apontamos os nossos dedões melados de merda. Fazemos com que sua vergonha aumente ainda mais, e sua chance de se apresentar puro e com a consciência limpa diante de Deus diminua ainda mais. Fazemos com que ele se afaste, e com que sua nudez seja vista. Apontamos luzes para que os outros possam focar melhor sua nudez e seu pecado. Assim, o afastamos de Deus e do arrependimento.

Voltando ao início deste texto, relembramos que a ordem de Deus é para que quando encontrássemos alguém nu, o vestíssemos. E que, à cada vez que fizéssemos isso com um dos Seus pequeninos, estaríamos fazendo a Ele. Fica a pergunta: Quantas vezes nós jogamos Jesus ao escárnio, apontando suas vergonhas, empurrando-O com nossos dedos sujos e nossa língua nojenta, direta e novamente para a cruz? Que, ao voltar, Jesus possa encontrar em cada um de nós, os filhos que seguiram seu exemplo de amor e misericórdia.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

E se eu fosse falar o que tenho pensado, o que tem passado na minha cabeça?
Tanta, tanta coisa, tantas pessoas, tantas mágoas, tantas idéias, tanta dúvida, tanto medo, tanta saudade, tantos amores...
Minha vida como um filme em meus pensamentos, e vejo que já não sou mais a mesma.
Eu olho para o céu, e oro pra Deus, e Ele não parece longe, mas algo nos separa.
Ainda assim, eu sinto que nunca estive tão perto, e o vejo através da transparência do que nos separa.
E se é transparente como pode ser mal? Como pode causar divisão?
É como um amor, no qual as lembranças e sonhos fazem tão bem, fazem parecer tão perto, mas está longe.
É um amor solitário. Mas é um amor.
'Eu vejo um horizonte trêmulo', eu vejo o futuro, me vejo nos devaneios.
Eu me perco e me encontro, eu encontro a cura no abraço dos amigos.
Eu vejo a cura na confusão da minha família.
Eu sinto a cura no descanso, na despreocupação.
E sigo mudando, só não paro. É tudo o que tenho por certo.
Eu estou feliz, tenho um vazio e sei como preenchê-lo.
Não paro de procurá-LO, é o que tenho por certo.
É o que tenho de porto seguro, de refúgio, de aconchego.
E por tudo isso agradeço. Fim